segunda-feira, 9 de agosto de 2010

John Nash em São Paulo

Caros, eis-me agora lendo a Folha de São Paulo e me deparo com uma matéria intitulada "Sociologia precisa de equações, dizem prêmios Nobel". Está no caderno Ciência. E o subtítulo: matemáticos laureados em economia estão em São Paulo; entre eles, John Nash, que inspirou "Uma mente brilhante". E tem uma foto de Nash. Ele está com 82 anos, se diz recuperado da esquizofrenia e que foi internado contra sua vontade e "ataca a eficâcia do procedimento". Está escrito assim na matéria, ele deve ter dito algo bem diferente. Mais contundente.




Durante o ano de 2006 passei estudando sobre John Nash Jr. Li a biografia "Uma mente brilhante", que deu origem ao filme e pesquisei bastante sobre a teoria dos jogos, que deu o Nobel a Nash. O artigo que escrevi sobre Nash está publicado em Metáfora 3. Sua teoria dos jogos "permite comparar, por exemplo, tipos de votação. Se as pessoas votam em apenas um deputado, é fácil ser eleito com um discurso específico, focado em um grupo de eleitores (defendendo direitos gays ou maiores salários para policiais)".... E a matéria da Folha continua. Eu não sei se Nash é que se interessou em aplicar sua teoria à eleição ou esse é o tema do momento, mas sua idéia - já deu conferências e escreveu em outros lugares - quando propôs a "Teoria dos jogos e comportamento econômico" estava em aplicar a previsão do resultado do jogo entre dois competidores em que o lema era 'eu penso que ele está pensando que eu penso tal coisa'. E assim vai. A partir dessa premissa imaginária a-a' acreditava que havia a possibilidade de ganho mútuo e que essa teoria poderia ser aplicada aos problemas econômicos e sociais.
Jonh Neumann, o matemático húngaro, outro gênio de Princeton, criador do primeiro computador, o Eniac, e um dos mentores dos projetos de Los Alamos, achava que a teoria de Nash era banal. E chega a dizer isso a Nash. Nash responde que a reação de Neumann era uma posição defensiva de um pensador consagrado contra um rival mais jovem. Mas mesmo com limitações em sua teoria, ela rendeu a Nash o Prêmio Nobel da economia.
E há sua luta contra internações compulsórias que lhe renderam muita fama também. Antonio Quinet escreve, em um capitulo de seu livro Psicose e laço social, que Nash por meio da matemática trabalha o simbólico com o real, e com ela fez a 'reconstrução do mundo'.
Eu nem sei porque estou aqui falando tanto de teoria, na verdade só queria contar para vocês a emoção que senti ao abrir o jornal e ver primeiro a foto desse senhor, nos corredores da USP, com uma pasta na mão, tão simples, tão sozinho, parecendo tão sereno na foto. E depois leio o nome: John Nash. Voando de tão longe, para chegar ao Brasil e trabalhar, aos 82 anos. Que emoção! Que emoção!

Se eu tivesse lido a matéria pela manhã e estivesse em São Paulo... Ah se eu estivesse....

Andréa Brunetto
Campo Grande, 05 de agosto de 2010

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