sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

París no se acaba nunca

“.... creo que tengo derecho a poder verme de forma diferente de como me ven los demás, verme como me da gana verme y no que me obliguen a ser esa persona que los otros han decidido. Somos como los demás nos vem, de acuerdo. Pero yo me resisto a aceptar tamaña injusticia. Llevo años intentando ser lo más misterioso, impredecible y reservado posible. Llevo años intentando ser un enigma para todos. Para ello, con cada persona adopto una actitud diferente, busco que no haya dos personas que me vean de igual forma. Sin embargo, esta esforzada tarea se me está revelando inútil. Sigo siendo como los demás quieren verme. Y por lo visto todos me ven igual, como a ellos les da la gana. Si al menos alguien, ya no digo mucha gente sino alguien, supiera verme idêntico fisicamente a Hemingway...”


Assim, querendo ser parecido fisicamente com Hemingway e medindo seu período de juventude em Paris com o dele, o protagonista de “Paris no se acaba nunca” escreve sua novela comparando-se com a novela de Hemingway, “Paris é uma festa”. Só que já vejo de começo – estou nas primeiras páginas do livro – que o protagonista da novela de Enrique Vila-matas não está à altura da estadia de Hemingway em Paris: este foi muito pobre em seu período parisiense, mas muito feliz, já o protagonista de “París no se acaba nunca” passou um horror de infelicidade em seus anos parisienses.

Mesmo assim, alega que tudo se acaba menos Paris. Paris o acompanha sempre, foi sua juventude. Viaje onde viaje, ela nunca vai se acabar para ele. “Ya puede acabarse este verano, que se acabará. Ya puede hundirse el mundo, que se hundirá. Pero mi juventud, pero París no ha de acabarse nunca. Qué horror!”

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Feliz Natal

Hoje está tão quente, mas tão quente, que só consigo me abanar. Meu cérebro está fritando. Não consigo ter inspiração para desejar a todos feliz natal, não consigo dizer com belas palavras que se reunir com a familia e os amigos, dividir a esperança é o fundamental. A alegria é o fundamental na vida. Alegria, saúde e amor.


E um clima temperado.....urgente um ventinho, um sopro de vento calmo que ...acalme a agitação, permita dormir, pensar e continuar lendo meu livro. Estou lendo um livro excelente chamado "Sardenha como uma infância". Elio Vittorini começa o livro assim: "Eu sei o que é ser feliz na vida - e a dádiva da existência, o gosto da hora que passa e das coisas que estão em torno, ainda que imóveis, a dádiva de amá-las, as coisas, fumando, e uma mulher dentro delas. Conheço a alegria de uma tarde de verão, lendo um livro de aventuras canibalescas, seminu em uma chaise longue, na frente de uma casa de colina com vista para o mar."

Ele escreveu isso aos 24 anos de idade. Como alguém pode escrever tão bem, começar um livro de forma belíssima, aos 24 anos???

Estou aqui cozinhando de inveja por ele escrever tão bem, pela tarde de verão, pela casa de colina com vista para o mar. E de aos 24 anos já ter sabido o que é ser tão feliz na vida.

Com muito calor, e um tanto de inveja que esse livro e essa escrita me suscitou, eu desejo feliz natal para todos vocês. E também desejo a dádiva da existência, o gosto da hora que passa, a alegria do natal do verão - Meus Deus, tempera ele um pouco, please - se for na casa com vista para o mar é melhor ainda. Mas isso é um pequeno luxo. O verdadeiro luxo é amar a vida. É esse que desejo a todos vocês. E alegria, muita alegria.