sábado, 28 de março de 2015

O beijo

Segurou-me o braço, olhou-me com desejo.
Aquiesci, o quis.
Vasculhei seu rosto,
a boca, o nariz, o furinho no queixo.
Do peito, fugiam-lhe pêlos,
escapavam camisa à fora.
Meu corpo tremeu.
Contive-me, segurei minha mão.
Mas não a boca.
Chamou-me de linda.
Hoje não, respondi.
Nem batom nos lábios tenho.
E com os dedos, os lábios esfreguei,
um beijo pedindo.
Ele entendeu:
Esta mulher instintivamente me quer.
Mas o beijo não deu.
E isso faz com que eu o peça,
com palavras,
a cada vez,
todo dia:
Dá-me um beijo.





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