segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Slawomir Mrozek

Eu ando desbravando a literatura dos países mais ao leste, autores ainda não conhecidos no Brasil. Escrevi um comentário abaixo:
Sᴌawomir Mrozek é um escritor polonês que descobri recentemente, graças a editora Acantilados, de Barcelona. Tem um estilo satírico, um humor negro, e ao mesmo tempo dramático. Um tanto descrente na humanidade, ele faz das fraquezas humanas, um deboche; um escritor sobre o absurdo da vida, como Eugène Ionesco.
Li na semana passada o livro de contos La vida para principiantes. No índice, ele nomeia o conto e à esquerda do número, já avisa a temática dele. Vou resumir dois contos para vocês. O primeiro, que se chama “Chá ou café?”, tem como temática a anarquia. Um homem está na casa de alguém e a anfitriã está se aproximando dele, oferecendo café ou chá aos convidados. Já sabe que chegará sua hora de escolher. Se revolta: por que tenho que escolher um ou outro? Quer ganhar tempo, ter o direito natural de ficar com os dois, pois se pede um, perde o outro. Indignado, levanta-se antes que a anfitriã chegue a seu lugar. Sai da sala, a vida de todos continua e quando ele retorna, percebe que todos se esqueceram dele. Aquilo o tocou de uma forma muito viva. Vai até a cozinha, exigir seus direitos, isso é melhor do que ter de eleger as coisas. Pede uma xícara com metade de café e metade de chá. E também uma cerveja. E assim resolve a escolha.
O segundo conto que mais gostei chama-se “Na torre” e tem como temática o medo. É sobre um senhor que se fez forte em seu castelo, para se proteger dos ataques inimigos. No castelo, todas as proteções são possíveis. Se os inimigos conseguirem chegar até o castelo, tem um fosso; se passarem do fosso, uma porta muito firme; se passarem a porta chegam a uma sala fortificada. Da sala fortificada seus homens estarão á espera para protegê-lo. Na sala fortificada, se conseguirem passar por seus homens, tem uma escada íngreme, e se assim, em uma suposição “insensata e impossível”, alguém chegar até sua torre, estará usando uma armadura bem especial, forte. Com isso tudo, não precisa ter medo. Mas acontece que sente um pulsar forte, algo o golpeia, não através dos bosques, dos muros do castelo, mas dentro da armadura. Tira-a rapidamente, e grita “traição”, enfiando a adaga no lado esquerdo de seu peito, onde estava o agressor desconhecido. E morreu.

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