domingo, 7 de abril de 2013

Lendo Rainer Maria Rilke em um domingo de chuva

Acordei seis da manhã nesse domingo de céu fechado. Fui caminhar com minha amiga Fabiana e voltamos correndo para meu apartamento, completamente ensopadas. Em 10 minutos o tempo fechou mais ainda, de cinza transformou-se em quase negro. As sete da manhã virou noite e a chuva, em vez de começar devagar, dando aviso, caiu de uma vez, inesperadamente. Sem uma árvore para nos proteger, tomamos chuva igual quando crianças. Engraçado é que me senti quando menina: tomava banho de chuva como quem transgride, comete uma infração. Pequena, mas infração.
Para quem acordou depois das oito da manhã - o que é mais normal em um dia de domingo - perdeu essa mudança, essa imprevisibilidade da metereologia, que nesse aspecto repete a vida.
Em um domingo de chuva como esse o que fazer, além de comer e assistir televisão? Escrevi. Escrevi muito, pois faz uns dias que uma escrita me assombra. Para um livro que quero escrever faz dois anos. Já tinha escrito páginas e páginas. E depois enviado para a lixeira, pois não era aquilo. Nessa semana as frases gestadas intimamente vieram fortes. E estou com mais de vinte páginas escritas, sabendo que estas são as que eu queria escrever.
É uma alegria tão grande de algo que só é mensurável para mim. Só para mim não. Todo mundo que já quis escrever um artigo, um livro, uma tese e as palavras não vinham sabe como é. O particular dessa alegria, o que ela significa especialmente para mim é que é o singular.
E depois desse esvaziamento das laudas e laudas escritas, fui ler Rainer Maria Rilke.

"O amor de um ser humano por outro é talvez a experiência mais difícil para cada um de nós, o mais superior testemunho de nós próprios, a obra absoluta em face da qual todas as outras são apenas ensaios. É por isso que os seres bastante novos, novos em tudo, não sabem amar.E precisam aprender. Com todas as energias de seu ser, reunidas no coração que bate inquieto e solitário, aprendem a amar. Toda aprendizagem é uma época de clausura. Assim, para o que ama, durante muito tempo e até durante a vida, o amor é apenas solidão."

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