Dona Eugênia, minha mãe, faz hoje 70 anos. No almoço de ontem, com filhos e netos, estávamos combinando o que fazer de almoço hoje e lá vem ela com seu jeito temperamental e suas ordens que não são desobedecidas: amanhã não terá almoço nessa casa, vou fazer minha cuca (típico bolo que os descendentes de alemães do sul fazem). E ela incrementou a receita há alguns anos atrás, colocou ricota, e fica melhor do que o que minha avó (mãe dela) e tias fazem.
Um episódio define bem minha mãe: dois anos trás, estávamos viajando, eu, ela, meu pai e meu sobrinho e teve um acidente na rodovia. Um caminhão de bebidas tombou, minha mãe abriu a porta e foi andando pela rodovia para ver o acidente. Imediatamente veio-me a lembrança o perigo disso, quantos acidentes não sabemos que acontecem com aqueles que param e andam à beira da rodovia? Rafael foi chamá-la e ela voltou. Dei uma bronca, lembrando a idade que ela tem. E ela me sai com essa: sinto-me com uns cinquenta anos. É muito curiosa!
E saúde de cinquenta ela tem. Adquiriu uma insônia e uma labirintite depois que perdeu um filho, o caçula, Osni, que partiu em 2008. Convive com uma insônia ocasional, uma labirintite ocasional, que junto com a saudade, não a deixou esquecer diuturnamente que perdeu um filho. Mas isso não lhe tirou a energia de vida que sempre teve.
Estamos proibidos de aparecer lá hoje na hora do almoço - estou em dúvida se posso ligar para dar os parabéns - mas terá um jantar e cuca de ricota depois, é claro.
Já nos disse tudo o que não quer ganhar de presente. Não gosta de coisas caras, nesse aniversário não quer flores, roupas, joías não usa. Praticamente só tive a idéia de lhe dar um chinelo de inverno, pois disso ela está precisando e não sabe.
Depois de escrever isso, afinal, nem sei mais quantos anos minha mãe está comemorando hoje.
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